A Comissão de Cooperativismo conheceu, na reunião virtual desta terça-feira (8), o Projeto Água Limpa Mais Saúde, operacionalizado pela instituição financeira Sicoob. Por meio da iniciativa, proprietários rurais poderão obter financiamento a custo zero para comprar biodigestores. Esse equipamento acelera a decomposição de material orgânico e seria usado na substituição das fossas nessas propriedades.
O projeto, que tem origem na Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB-ES), tem impacto positivo no meio ambiente e também na saúde, de acordo com o superintendente de Operações e Negócios do Sicoob-ES, Alecsandro Casassi. “A gente visita o interior e o tratamento de esgoto doméstico é predominantemente feito através das famosas fossas”, frisou. Ele lembrou desvantagens dessa conduta, como o mau cheiro, a contaminação do lençol freático e o consequente surgimento de doenças.
A saída para essa situação, com base em uma experiência de um cooperado agrícola, foi a implantação do biodigestor para processar o esgoto doméstico. Segundo explicou, o equipamento recebe os resíduos sólidos da residência e as bactérias do sistema digestivo eliminadas realizam um processo anaeróbico de decomposição do material orgânico, que vira um lodo estabilizado e descartado periodicamente.
“É um lodo que não traz contaminação, não traz cheiro. Nesse processo a água é separada e a água pode ser descartada com 80% de pureza”, destacou o representante da instituição financeira. Nesse caso, ela poderia ser retornada de maneira segura para os rios e até mesmo usada na irrigação do solo (mas não na irrigação das folhas das plantas).
Custos
Por meio do projeto, o Sicoob poderá financiar a aquisição do biodigestor em até 36 parcelas e 90 dias de carência. Um dispositivo com capacidade de processamento de 700 litros/dia sai por R$ 50 mensais – esse volume é capaz de atender uma família de cinco pessoas. Já o aparelho de 1.500 litros/dia fica por R$ 75 por mês. Ele é indicado para família de até 10 pessoas.
O projeto teve início neste ano e, conforme revelou Casassi, os mil primeiros a aderirem receberão estorno de 100% da taxa de juros (de 0,99% ao mês), se não houver atraso no pagamento das parcelas. Além disso, só poderá ser concedido um bônus por CPF. O equipamento de 700 litros custa R$ 1.508 e o de 1.500 litros, R$ 2.314.
Divulgação
O superintendente do Sicoob pediu ajuda da Comissão de Cooperativismo para divulgar e incentivar a adesão, sobretudo junto às prefeituras. “Ninguém está inventando a roda, tá tudo disponível. O que a gente percebe é a baixa informação das pessoas”, disse Casassi. Conforme pesquisa apresentada por ele, 81% dos produtores dão pouca importância para o tratamento de esgoto na propriedade e 75% não reconhecem os benefícios dessa medida.
Presidente do colegiado, o deputado Pastor Marcos Masur (PSDB) elogiou o projeto e se comprometeu a apresentá-lo ao governo do Estado. Na opinião do tucano, o Executivo deve abraçar a iniciativa e levá-la às prefeituras. O parlamentar lembrou que, além de impacto diretos no meio ambiente e na saúde, o projeto também traz economia, na medida em que o gás liberado na decomposição pode ser aproveitado para gerar energia.
Representantes de cooperativas que participaram da reunião virtual aprovaram a iniciativa, como Pedro Antônio Silva Araújo, da Coocafé, e Renata Vaz, da Cooabriel. Junto com a Coopeavi, essas entidades são responsáveis por vender o biodigestor.
O colegiado também contou com a participação do deputado Hudson Leal (Republicanos) e do assessor de relações institucionais da OCB-ES Davi Duarte Ribeiro.
Biodigestor
O biodigestor é um equipamento impermeável, portanto, os resíduos não têm contato com o solo, e também compacto, além de apresentar alta eficiência – pois remove até 80% dos resíduos poluentes recebidos. É aterrado e existe nos volumes de 500, 700 e 1.500 litros por dia. Só para se ter ideia, uma pessoa produz em entre 100 e 160 litros de esgoto por dia. O equipamento tem garantia de cinco anos e durabilidade longa.