O valor em restaurar e revitalizar os monumentos urbanos justifica-se tanto pela sua relevância histórica e artística quanto pela referência afetiva que eles possuem para os moradores. Sabendo dessa importância, o projeto de Recuperação e Restauração dos Monumentos Urbanos de Vitória teve início com a intervenção no Monumento ao Trabalho, na praça Ubaldo Ramalhete, no Centro.
O projeto será realizado por etapas, em que os monumentos serão divididos em grupos para a execução da obra, e tem previsão de seis meses para a conclusão.
Nesse primeiro lote, também serão contemplados o Busto Dr. Zerbini e o Busto Ubaldo Ramalhete, localizados na praça Ubaldo Ramalhete; o Busto Dr. Affonso Schwab, na praça Irmã Josefa Hosanah; e a Cruz Reverente, na Praça do Papa, além da realocação e da construção de nova base para o Índio Araribóia, na avenida Beira-Mar.
O projeto será realizado a partir de uma parceria entre a Prefeitura de Vitória, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (Semc), o Instituto Goia, responsável pelos restauros, e o Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa).
“Monumentos são o registro da história e da identidade de uma cidade, de um povo. Merecem respeito por isso, e, principalmente, por representarem o processo cultural que os faz existir. São a imagem e a narrativa de um momento que precisa ser averbado, que precisa estar diante de nossos olhos, eternizado, reverenciado”, disse o secretário de Cultura, Francisco Grijó.
Restauro
O trabalho de restauro será executado pelo Instituto Goia, ONG que tem como principal objetivo aliar preservação e valorização do patrimônio cultural com promoção da cidadania. “Ao se restaurar um monumento, a cidade demonstra seu respeito pelo passado e seu interesse no fortalecimento da identidade de seus cidadãos”, afirma Pedro Canal, diretor-presidente do Goia.
Para executar o processo de restauro, cada um dos monumentos recebe uma avaliação individual que identifica as necessidades daquela obra. “Alguns monumentos estão em processo de deterioração, necessitando de intervenção, enquanto outros necessitam apenas de limpeza, pequenos reparos, reposicionamento, inclusão de placas informativas e iluminação adequada”, explica Canal.
Essa avaliação permite criar um cronograma para a execução do trabalho. “Cada monumento é avaliado em seu estado de conservação e suas características técnicas e estilísticas. São identificadas, também, as mutilações e/ou perda de elementos originais que necessitam de recomposição”, finalizou.
Equipe
Para a execução do trabalho, a equipe será composta por arquiteto e urbanista, artista plástico restaurador, turismólogo ou historiador, soldador, esmerilhador, pedreiro, pintor, auxiliar e estagiário de arquitetura. A coordenação geral dos trabalhos ficará a cargo de Pedro Canal, arquiteto urbanista com experiência de mais de 20 anos em projetos e obras de restauro.
Patrimônio
De acordo com o decreto de lei nº 25/1937, constitui o patrimônio o conjunto de bens móveis e imóveis cuja conservação é de interesse público e que estejam relacionados a fatos memoráveis de nossa história ou que apresentem destacável relevância arqueológica, cultural e artística.
Partindo dessa premissa, os monumentos ajudam a contar parte da história de cada localidade. “Os diversos monumentos que observamos no contexto urbano, como estátuas, esculturas, intervenções artísticas públicas e prédios históricos, são importantes símbolos da história e da cultura locais que servem à constituição de uma identidade, de um sentimento de pertencimento àquela realidade histórico-cultural”, explicou Matheus Corassa, historiador e mestre em História da Arte.
Para ele, o processo de restauro e preservação dos monumentos tem como principal objetivo a manutenção do reconhecimento dos aspectos principais da sua cultura.
“Em um sentido mais amplo, o restauro dos monumentos traz uma perspectiva de responsabilidade não só para o poder público, como para toda a sociedade civil. Entende-se, assim, que o restauro, bem como as políticas preservacionistas em geral, são de interesse público e atingem a todos. Ou seja, a implementação das políticas de preservação/conservação dos monumentos também tem um relevante efeito de conscientização para toda a sociedade”, finalizou Corassa.
Plano
Em cumprimento ao Plano Municipal de Cultura, a Semc vem implementando ações de recuperação e restauro de monumentos urbanos de Vitória. Nos últimos anos, os monumentos como o relógio da Praça Oito, em parceria com o Banestes e Instituto Goia, e o Papa Pio XII, no Centro de Vitória, e a escultura “O Beijo”, no Parque Pedra da Cebola, foram restaurados.
Foto: André Sobral